27 novembro, 2015

Carta aberta à Marcio Lacerda - UMEIS


Sou mãe há 6 ano e trabalho há 10, durante todo esse tempo vim lutando para ter respeito no parto, o que só consegui com muito esforço da minha parte, para amamentar por 6 meses exclusivo, mesmo com toda sociedade insistindo que era besteira minha e oferecendo todo tipo de coisa para atrapalhar, para que meus filhos gostem do brincar e não dos brinquedos, mesmo com todas essas bombas de publicidade infantil caindo diretamente em nossas cabeças. Sem contar na saúde? Que mesmo pagando plano de saúde, ainda é uma luta. Essa é a vida de uma mãe, Sr. Prefeito.
Aí chega a hora de voltar ao trabalho e nós, meros mortais, não podemos pagar uma babá para nossos filhos. Porque essas merecem um salário digno, merecem seus direitos e não achamos justos burlar os direitos de outras mulheres, pagando menos do que o merecido, mesmo que essas precisem. Aí buscamos escolas. Escolas essas que custam, em média, MIL REAIS. Mil reais para alguém cuidar do seu filho por 4 horas. Justo, não é mesmo? Sim, visto que essas professoras, em sua maioria, também são mães e precisam de um salário justo. Justo visto que os custos para se manter um empreendimento não são baixos. Justo porque esses profissionais investem para melhor cuidar dos nossos filhos. Mas nós, mães, estamos voltando ao mercado de trabalho, ou já voltamos e precisamos arcar com as despesas da nossa família. Aí você pensa: o que é mil reais? Mil reais é a compra de arroz, feijão, legumes, é a energia, a água e até mesmo o aluguel de algumas famílias. Mas temos UMEIS, não é mesmo? É aí que o bicho começa a pegar. E vamos ao ponto. 


Educação pública é direito de todos, todos os cidadãos tem direito a inscrever os seus filhos para concorrer aos sorteios de vagas na Unidades Municipais de Educação Infantil. Que, por sinal, são divulgadas em rede nacional como exemplo de projeto pedagógico, infraestrutura e que - pasmem - atendem TODAS as crianças. Mentira. Propaganda enganosa. A parte do projeto pedagógico e da infraestrutura é real, mas atende a uma porção MÍNIMA da população. João foi aluno da UMEI até 6 anos, mas há dois anos tentamos vagas para o Francisco e NADA. Ano passado foram várias inscrições, esse ano foram 8. Teve mãe que fez em 33, TRINTA E TRÊS.  Tem construção de UMEI parada, tem sala de aula vazia por falta de professor, tem bairro com pouca escola disponível. E digo mais: que história é essa de integral somente até os dois anos? Quando as crianças completam os três anos os pais ganham o direito de trabalhar meio horário? Porque não faz sentido nenhum. Nenhum mesmo. Uma criança de três anos não pode ficar sozinha em casa, é uma covardia ficar trocando a criança de escola em turnos por só ter meio horário na rede pública e os pais continuam a trabalhar em horário integral. A pessoa que criou essa forma de funcionar só pode viver em Marte. Mas deve ser seu amigo, Sr. Prefeito. Porque o senhor, com certeza, não vive em Belo Horizonte.
Modero um grupo de mães que atualmente conta com 4.600 mães. E o assunto recorrente lá tem sido a falta de vagas das Umeis, escola recém inaugurada com sorteio de duas vagas. DUAS VAGAS. 170 crianças por vaga. E a guerra está sendo travada não contra o governo e sim com as mães que "tem condição" e ainda assim concorrem a sorteios, abstraindo toda e qualquer culpa da sua PÉSSIMA administração, Sr. Prefeito. Porque a culpa sempre volta para o cidadão, não é mesmo? Mas vou te contar uma historinha, lá nesse grupo de mulheres, temos várias advogadas. E essas advogadas estão orientando a essas mães entrarem na justiça contra a sua querida prefeitura. Porque já não temos a infraestrutura básica para nossos filhos, mas escola não vai faltar não. E se mexeu com uma, mexeu com TODAS! Porque mulher é forte, Sr. Lacerda e até consegue vencer esse seu riso irônico e patético.


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